domingo, 3 de fevereiro de 2013

Recife...por um paulista. Ou: pequeno ensaio social e antropológico sobre o Recife**

** Texto aprovado pelo IPT-PA, Instituto Paulo de Tarso de Pesquisa Avançada;



Isso. É assim que eu ainda vejo Recife. Já levo quase o período de uma gestação aqui. E já estou deveras acostumado. Mas muitas coisas me divertem. Vamos a elas:

1-O trânsito:

 Apesar de todo recifense ter quase orgulho do trânsito miserável, eu acho muito tranquilo. Eu nunca levo mais de 30 minutos para chegar em casa. E pego, realmente, pouco trânsito. Claro que eu não vou para a Zona Norte, lá o bicho pega. Mas mesmo assim, é bastante mais sossegado que a maior parte das capitais brasileiras. Porém poderia andar muito melhor se não fossem:
- Pessoas parando no meio do trânsito: Muitas vezes letradas e de classe "AAA", param seu importado em local proibido, na beira da calçada para pegar ou deixar alguém... Ou apenas conversar... Pensam que Recife tem 50 mil habitantes.
- Carroças, charretes e carrinhos de sorvetes e afins: Isso sim, pobres trabalhadores, atrapalha demais o trânsito.
- Principalmente: Pessoas que demoram anos para sair depois do farol aberto. Parece que repensam toda sua vida antes de acelerar...

2- Carnaval e São João:

Que Natal, que Ano-Novo. O bicho pega aqui em duas épocas: Carnaval e São João. Vou além, as pessoas amam Carnaval aqui, mas quase curtem por obrigação. São João, não. É paixão, é "a" festa pernambucana. Pelo menos segundo o IPT-PA.

3- Sotaque:

Eu ainda adoro o sotaque. Levo 4 anos com uma recifense, mas ainda rio de novas palavras e, principalmente, expressões; as pessoas aqui rompem o ano, têm que lembrar de trancar o portão do oitão, crianças são trelosas, pessoas se aperreiam, arengam, ficam de fuleragem, podem ser farrapeiras, quando querem colar na prova, filam as respostas do colega. Falam ôxe, oxente (quando discordam), mais minino, dão-lhe tibeis, e por aí vai...

4- Hábitos: 

 Por mais que falem que não, frequentam muito pouco Boa Viagem. Mesmo os que moram em frente. Só depois de uma certa idade é que vão jogar dominó e se exercitar na praia. A maioria prefere ir pro Litoral Sul. Mas os que vão, são obstinados. Jogam seu vôlei, ignoram avisos de não nadar e têm suas barracas preferidas. A minha é do Everaldo, altura do 2514 na avenida. 

São famílias muito unidas, se encontram muito. Acho isso legal demais. Natais são alegres e tudo é motivo para reunir. E mesmo que o tempo e o trabalho (sim, recifense trabalha muito), afastem um pouco, tentam (ou prometem), sempre se ver.

Há mais coisas. Mas ficará para um segundo tratado, mais aprofundado. Este é apenas uma leve brincadeira... Espero que nenhum pernambucano pegue ar...

Beijos e Abraços