segunda-feira, 3 de dezembro de 2012


Curto Diário Pop/ Pequeno Ensaio sobre o Desespero 


“Melhor que o silêncio, só João Gilberto.”


Frase de Caetano Veloso que eu apóio em todas as instâncias. Nesse momento ouço “Eu vim da Bahia”, numa versão com Stan Getz. Diferente da que me hipnotizou em uma volta de São José para São Paulo. Só ouvi a dita música por 2 horas, sem parar. No repeat, non-stop, entre hipnotizado e anestesiado. Foi aí que eu descobri. Melhor que o silêncio, só João. 

"George era meu Beatle preferido."


Ando numa fase Harrisoniana. Sem ouvir outro. O Paul está em Stand By, John em Pause. E eu, sigo no GH. 


Como ler Kafka....?


Eu que pergunto. Tentei ler O Processo uma série de vezes. Não passei do segundo terço. Não sou intelectual. Gosto de uns clássicos. Mas não entendi as viagens de Joseph K.  Alguns livros simplesmente não gostam de mim. Outro exemplo é Ecce Homo, do doidaço do Nietzsche. Nada em especial. Aliás, nem  são livros difíceis. Só não gostam de mim. Acontece com músicas, livros, pessoas e animais de estimação. Alguns não gostam de nós. 

A ida incerta dos que, talvez e jamais, saibam ir


Um título nonsense para, com nonchalance, melhorar o middle eight . Apenas para ilustrar o que não tem cor. Um brilho do que não pode, nem por instantes, apagar a próxima ideia, lépida ou difusa. Simplesmente para não explicar o que pode não ter carência aguda de entendimento. De repente... numa tentativa asséptica de ter uma escrita fluida como outrora buscadas em textos beat. Ou lívido, escolher palavras vívidas. 

A música americana.


Com esses programas  America's got talent, The Voice, American Idol,  fica mais uma vez provado que volume cria qualidade. Entre milhões de desafinados, encontramos centenas de grandes cantores. Em milhares de desafinados, apenas dezenas. Em centenas, no caso do Brasil, uns poucos. É a força da indústria. Eu, antes de morar lá, tinha críticas severas aos EUA e seu American Way of Life. Agora acho o máximo. Esse completo domínio da indústria do entretenimento é incrível. TVs gigantes, videogames, football, bud light e um Super Bowl foram suficientes para que eu curtisse. Quem diria, no começo da faculdade, eu queria morar em Cuba...

"Isn't it a pity
Now, isn't it a shame
How we break each other's hearts
And cause each other pain
How we take each other's love
Without thinking anymore
Forgetting to give back
Isn't it a pity"

Algum Inglês é necessário para entender a letra acima. George Harrison. Só para manter o ritmo e a cadência.


Tô me guardando para quando o Carnaval chegar ou Pequeno ensaio sobre o desespero.


Ele já estava pensando no Carnaval. Seu último havia sido péssimo. Tinha trabalhado. Servindo o Exército. Deu baixa em Outubro, já sonhando com o próximo Fevereiro; que, quando chegasse, a saudade já não mataria a gente. Animado como nunca, tranquilo e infalível como sempre. Mal podia esperar para subir, fervendo e frevando, as ladeiras de Olinda. Ver o mar de cima. E o oceano de pessoas ao seu redor. Jamais tinha passado um carnaval solteiro e contente.

Ensaiava o tempo todo. Ia pro Recife antigo todo domingo. Tocava cada vez melhor. E mais forte. A possibilidade de tocar em uma Nação lhe animava. Encontraria sua Risoflora? Se sim, que esperasse. Só esperava o Carnaval chegar. E que não fosse desengano.

Os dias passavam arrastados. Não sabia mais segurar a ansiedade. Voltou a beber. Tinha passado o ano todo no Exército sem tomar uma lata de cerveja. Mas isso não seria problema. Ninguém era alcoólatra aos 20 anos. Só porque bebia desde os 13. Não era possível. 

E não era mesmo. O tempo passou, o carnaval veio e foi, muitos vieram e se foram. Até que, aos 25 anos, nadando em direção ao pôr do sol, teve uma perna decepada por um tubarão. Aos 27 se jogou de um prédio, na Avenida Boa Viagem. E era um domingo azul. 







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